(Aqui fica a minha análise)
Até domingo, Flandres teve em si os olhos dos adeptos de ciclismo mas, terminada a Ronde van Vlaanderen (ou “Tour des Flandres”), a tenda é desmontada, e enquanto os jornalistas e adeptos fazem as análises, já os ciclistas estão com o pensamento no Paris-Roubaix deste domingo. O Paris-Roubaix é talvez a mais dura das clássicas em todo o mundo, com os ciclistas a terem que enfrentar 259 quilómetros, dos quais 53 serão em pavé, o duro piso que faz o empedrado português parecer alcatrão. Entre os 27 sectores (classificados de 1 a 5 estrelas consoante a dureza), o mais temível é o da Trouée d’Arenberg/Floresta de Arenberg (5*, km 164); destacando-se ainda a dupla Warlaing-Brillon & Tilloy-Sars-et-Rosières, que totaliza 4800 metros em pavé em apenas 5,9 km de percurso, o sector de 5* de Mons-en-Pévèle (km 210,5) e o último sector de dificuldade máxima, Le Carrefour de l’Arbre ao km 242. O último sector de pavé terá apenas 300 metros e será já em Roubaix, a apenas um quilómetro do mítico Vélodrome de Roubaix.
Fabian Cancellara, vencedor de Roubaix em 2006 e de Flandres no domingo, divide o estatuto de máximo favorito com Tom Boonen, 2º em Flandres e vencedor de Roubaix em 2005, 2008 e 2009, procurando o quarto título, algo apenas conseguido por Roger de Vlaeminck. Cancellara terá do seu lado aquele que para mim é o terceiro maior favorito, Matti Breschel, ciclista que tem realizado uma excelente época embora com furos em momentos decisivos, como na passada Ronde. Boonen, por seu turno, terá Sylvain Chavanel e Stijn Devolter, dois ciclistas a ter em conta para este tipo de provas e indicados para complicar a vida às equipas adversárias.
Quanto às restantes equipas, a Sky perdeu Boasson Hagen por lesão mas tem Flecha, por quatro vezes nos dez melhores e desde 2005 com o seguinte registo: 3º-4º-2º-12º-6º. Outros grandes candidatos ao pódio em condições normais seriam Filippo Pozzato e Thor Hushovd, 2º e 3º no ano passado, mas ambos chegam a esta prova depois de alguns problemas de saúde. Hushovd tem tido uma época bastante complicada e na Ronde não conseguiu chegar no grupo principal, devendo a Cervélo (que não terá Haussler por lesão) dar liberdade a Hammond. Já Pozzato falhou a Ronde por um vírus que apanhou na semana antes e não se sabe até que ponto estará recuperado em Roubaix, não tendo a Katusha outra opção para os lugares da frente.
A Omega Pharma-Lotto não levará Gilbert por opção e terá como líder Leif Hoste (6º e 4º nos últimos 2 anos), com vários ciclistas para o auxiliarem. A Rabobank aposta em Lars Boom e Sebastian Langeveld, embora eu não acredite que o primeiro aguente tamanha dureza na sua primeira participação. Duas equipas com várias opções são a Garmin de Maaskant, Van Summeren e Farrar e a BMC de Hincapie, Ballan e Burghardt. De destacar ainda Quinziato na Liquigas, Benhard Eisel na Columbia e Leukemans na Vacansoleil.